Indignação: A procura de emprego

Por Ana Carolina Izi

Há várias empresas que afirmam que vão conseguir recolocar você no mercado de trabalho e muitas cobram por isso. Como a maioria dos desempregados, coloquei meu currículo na Catho e todos os dias religiosamente, vejo se há algo compatível com meu perfil. Na maioria das vezes as vagas são fora da minha área de formação, mas como estou na luta há 5 meses, procuro algo do que eu gosto e conheço e principalmente com chance de crescimento. Procurar emprego na maioria das vezes é frustrante. São várias entrevistas, vários currículos encaminhados e muitas vezes semanas sem ao menos um contato. Mas pode ser gratificante se levarmos em conta que chegará a nossa vez. Ainda mais quando ela acontece inesperadamente, tudo flui naturalmente e o universo conspira á nosso favor. Porém quando há uma consultoria intermediando essa contratação, aí é que tudo fica ainda mais complicado. Há o tal “perfil” que até hoje não compreendi, mas tenho a plena certeza que esse perfil na realidade é: “Quem indica”, “fui com a tua cara”, “você é bonitinha” (cabelos lisos ou encaracolados, branca, novinha) entre outras colocações ...

Hoje, senti na pele a desculpa esfarrapada de uma selecionadora. Mesmo sendo formada em jornalismo, ainda não consegui um trabalho na minha área, por esse motivo, como sempre trabalhei com atendimento ao cliente, compareci a uma entrevista para uma empresa confidencial. O salário era atrativo o horário de trabalho e oportunidade em si também, dessa forma resolvi comparecer. Assim que entrei na sala avaliei as pessoas que concorreriam à vaga comigo e percebi pessoas com possibilidades. Durante a apresentação conduzida pela recrutadora Carolina, ouvi pessoas que estavam super capacitadas para a vaga e outras que nem de perto teriam a mesma sorte. Com o tempo de procura de trabalho que tenho, sinto-me apta a avaliar as pessoas e na maioria das vezes acerto. Depois de todas as apresentações que no fundo foram exaustivas, soube que algumas pessoas eram para outras oportunidades em outra empresa (deixarei o nome em sigilo para poupar as empresas), para vagas diferentes da que eu havia sido chamada. Achei isso uma falta de educação para com os demais, que ouviram a todos e somente no final, soubemos para onde era a oportunidade e tudo mais. Ao término como de praxe, as pessoas aprovadas ficaram e as outras, ela informou que entraria em contato para dar um feedback. Não fiquei e achei estranho, tenho uma vasta experiência em atendimento ao cliente, já fui coordenadora e estava muito bem capacitada para a vaga. Na saída outra gafe da recrutadora, uma garota estava na porta quando ela disse: Você já vai? Mas eu te chamei é para você ficar. Lembra do que falei “fui com a tua cara”? Sai de lá furiosa e juntamente com uma das garotas que eu tinha certeza que passaria. Desabafamos sobre o ocorrido. Ela teve a mesma impressão que eu. Visto que a vaga era voltada para pessoas, cursando o ensino superior ou graduadas, por que uma das pessoas que não estava estudando ficou? Outra coisa, a selecionadora insistiu que não poderia haver erros gramaticais e gerúndio (urgh!!!!) nem pensar. Entretando a tal garota que ela chamou no final (a que ela foi com a cara), falou vários: "a gente fazia, mais tá", fora outros erros que não quero nem me lembrar. Dessa forma a indignação ficou ainda maior.

Após a saída resolvi ir ao centro para saber como tirar meu MTB, e percebi duas chamadas sem identificação e um recado na caixa postal do meu celular. Assim que ouvi a mensagem, resolvi retornar, era a selecionadora Carolina, que queria dar o feedback. Disse que era uma pena que tenho uma vasta experiência e tudo mais, mas que devido meu problema de dicção a empresa não me aceitaria. DICÇÃO!!!!! Como assim DICÇÃO!!!!!! Que eu saiba não tenho problema algum, inclusive já passei em uma fonoaudióloga que me informou que tenho uma fala ótima e que escolhi a profissão certa. Na sala de recrutamento, havia uma garota que falava para dentro e mesmo assim ela ficou e eu não por causa da DICÇÃO!!! Fiquei ainda mais irritada e não quis mais ouvir nada que ela tinha a me dizer. Mas fica o recado: Não há mais desculpas para dispensar um candidato, vai qualquer coisa, eles não se importam não é mesmo? O que realmente prevalece é o" FUI COM A TUA CARA", sem isso nada de vaga.