Mães




No dia dedicado ás mães, minha mãe recebeu em nossa casa uma amiga da igreja. Achei estranha tal visita, pois era dia das mães e pelo que aprendi desde pequena, é um dia especial onde as mães ficam com seus filhos para comemorar. Entretanto, não foi isso que aconteceu com essa senhora, que até poderia ser minha avó, ela tem 80 anos (minha avó faria 94 anos se não tivesse morrido as 34 anos).
Essa senhora é totalmente lúcida, lembra até de coisas que aconteceram quando era uma menina. Após o almoço sentamos na sala, e aproveitei para olhar meus e-mails e atualizar minhas redes sociais. Neste momento a Dona Odila (este é o nome dela), recitou emocionada uma poesia que lembrava a época da morte do seu pai, que aconteceu quando ela estava com oito anos.
Resolvi pesquisar na internet uma estrofe da poesia e felizmente encontrei um blog onde tinha a poesia completa. Quando a chamei ver a poesia completa, a felicidade dela foi tamanha que me emocionou.

Durante o nosso bate papo, ela contou que queria colocar essa poesia em um quadro, ainda afirmou que conhece tudo de geografia e cantou uma estrofe do Hino Nacional, algo raro hoje em dia.  Com todas essas novidades, nossa tarde foi muito agradável.
Antes de ir embora D. Odila afirmou que foi o melhor dia das mães que ela passou até hoje. Mais uma vez me emocionei com a afirmação e percebi o quanto o ser humano é desumano e mesquinho. Digo isso, porque a D. Odila tem uma família numerosa composta por quatro filhos, vinte netos e dezesseis bisnetos e neste dia tão importante ela estava sozinha.
Soube mais tarde na volta de minha mãe da sua casa, que o filho mora próximo da casa dela e que na casa dele estava repleta de pessoas comemorando a data. Com certeza viram ela, porém não deram importância para sua presença. Acredito que por mais que ela tenha feito algo que eles não gostaram, jamais deveriam tratá-la assim.

Depois minha mãe me contou que a D. Odila me pediu “emprestada” de vez em quando, pois sou uma pessoa amável e dei atenção a ela. Nesse momento minha mãe disse: “Obrigada filha, por ter recebido bem minha amiga e ter ouvido com carinho tudo o que ela disse.
Dessa forma, deixo aqui uma homenagem a todas as mães pelo seu dia, lembrando é claro que em minha opinião, todos os dias são DIAS DAS MÃES. Abaixo segue a poesia recitada com carinho por D. Odila, uma avó emprestada que conheci neste dia tão especial.

MEDITANDO
Luiz Gonzaga Fleury
Eu trabalho o dia inteiro,
Sem descanso, mas contente;
Ganho sempre algum dinheiro;
de ninguém sou dependente.
A mamãe, que é viúva, ajudo
Na manutenção do lar;
Vagares passo-os no estudo
E, à noite, as lições vou dar.
Com ser vulgar “engraxate”
Eu não me sinto humilhado;
Mas a ignorância me abate:
Quero melhorar de estado.
Sabem por quê? Não por mim...
– A glórias não faço jus –
E bem viveria, enfim,
do que esta escova produz
Dentro, porém, de alguns anos,
Ganhando mais, ambiciono
Livrar a mamãe e os manos
Da miséria e do abandono.
      

Minha mãe Bene e D. Odila
                                          

   

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